domingo, 20 de abril de 2008

Amargo o fel que lhe estanca a vida

O interfone toca, a porta abre, ele entra. Acompanhando seu belo sorriso sincero e aquele brilho vívido no olhar, um pequeno vaso com uma rosa vermelha intensa. Ele caminha em sua direção com entusiasmo, a abraça e a beija com um ardor de milhares de palavras que pipocam em sua mente.
Ela, por sua vez, abre uma brecha em suas vísceras em chamas para tocar o doce aroma da vida. A presença dele ali, com todo o seu amor, naquele momento de ódio intenso, a faz repensar que a vida é muito mais do que aquele gosto amargo de fel. E então ela reúne tudo o que lhe pertence e vai com ele celebrar a vida.
Horas mais tarde, rodeada de amigos, copos, palavras, risadas e banhada de álcool, ela volta a sentir a terrível dor do ódio não extravasado que lhe corrói as vísceras. E a dor latente fica a lembrar-lhe a todo instante que a intensidade da emoção que quase a dominou precisa também sair para beber a noite e se unir à vida.
E tudo termina (será que de fato termina?) em meio ao caos e ao abraço amigo. A tormenta se vai, mas as águas continuam turvas, vagando agitadas, porém contidas. Até quando? Será que é possível controlar a intensidade das águas durante uma tsunami? Quando o chão se abre no subterrâneo do seu recôndito mais íntimo, será que essa mesma água em fúria consegue salvaguardar do seu ímpeto aqueles que não se acham de encontro ao seu eu? Só Deus sabe...

Um comentário:

Bruno Cobbi disse...

Qualquer semelahnça com o mito do vampiro é mera coicidencia?

Suspeito piamente que sim, mas não me contive em perguntar.

=}