segunda-feira, 11 de agosto de 2008
PAI
terça-feira, 22 de julho de 2008
Severino
quarta-feira, 16 de julho de 2008
O retorno
(Mais um jogo. Agora com nove palavras: piscina, voltar, harmonia, sucesso, biotônico, sacanagem, telescópio, crocodilos, interrogação.)
sábado, 12 de julho de 2008
Solidão
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Vale quanto pesa
Qual é o peso da vida? Depende. As emoções consideradas boas costumam deixar nas pessoas uma sensação de leveza e paz de espírito que tornam o dia-a-dia leve como uma pluma. Quando estamos amando e saudáveis a vida parece não ter peso algum. Os problemas não passam de minúsculos aborrecimentos. Nada o que fazemos no dia-a-dia tem importância suficiente para afetar nosso equilíbrio mental, emocional e físico. Em outras ocasiões, quando o ser humano deixa aflorar o seu lado mais negro e pouco evoluído, demonstrando total desrespeito à vida humana, esse peso sobe exponencialmente, podendo chegar a toneladas. Nessas ocasiões até o ar que o ser humano respira parece pesar muito. Assim como a morte, a doença, a perda de pessoas queridas, as frustrações e decepções pesam tanto quando a força da gravidade.
Tatuagem
Esse texto foi redigido a partir da criação de um narrador, conforme exercício proposto pela grande Nanete nas nossas Oficinas de Inverno, que aliás estão sendo DIVINAS!
Todo dia ela fazia tudo sempre igual. O mesmo caminho para ir para o trabalho. Inclusive saía e voltava para casa sempre nos mesmos horários. Até que um dia foi vítima de um seqüestro relâmpago. Os bandidos limparam sua carteira e sua conta bancária, além de levarem seu carro e a TV de 42 polegadas que havia sido entregue em sua casa no dia anterior.
Durante algumas semanas ela até que tentou mudar de horários e de caminho, mas a rotina estava tão arraigada na sua personalidade que acabou retomando seus hábitos. Escrava do relógio marcava sempre o mesmo horário com a mesma manicure no mesmo dia da semana. Podologia e depilação de quinze em quinze dias, sempre às quintas. Aos sábados, às 8 horas em ponto estava no salão para retocar as raízes do seu cabelo loiro farmácia.
Nessas rotinas da vida foi passar o feriado prolongado na casa da família, no Guarujá. Marcou encontro na praia de sempre com a velha turma de amigos, dividindo a já conhecida rodada de caipirinha e camarão na barraca do Alemão.
Numa tarde de bobeira na praia, após dar uma longa espreguiçada e arrumar o biquíni, percebeu que era a única da turma que ainda não tinha feito uma tatuagem. Sem hesitar, sacou da bolsa de praia seu smart phone e agendou para segunda após o feriado ligar para aquele estúdio que as amigas haviam recomendado há tempos para ir fazer a tatuagem o mais rápido possível.
A semana seguinte chegou junto com a frente fria, ótimo período para manter escondidinha sua mais recente aquisição. À noite, após horas presa no também habitual congestionamento da capital paulista, parou em frente ao estúdio. A porta abriu com o seu costumeiro sinal sonoro avisando a entrada de um novo cliente. Ela tirou da sua bolsa cara uma pasta pequena, personalizada, de couro legítimo onde guardava um desenho muito colorido e desproporcional. Não dava para definir se era a imagem de uma sereia, borboleta ou da pequena fada Sininho. Chamei o Igor. Ele até que tentou convencê-la que aquela não era a melhor opção para o tamanho de tatuagem que ela queria fazer, mas não teve jeito. Estava muito acostumada a exercer o poder financeiro para fazer valer suas vontades e caprichos. E assim foi mais essa vez.
Algumas horas depois ela saía do estúdio com o tal desenho estampado na nuca, em baixo do seu cabelo loiro liso chapinha. Agora sim, pensou ela, voltei a me sentir parte da turma novamente. E eu ainda lembro quando brincávamos com as crianças da nossa rua de pique e esconde. Ela de aparelho nos dentes e cabelos desgrenhados. Época que, apesar da dureza, ela ainda tinha personalidade própria e não era mais uma dondoca Maria vai com as outras, que assume ser vaquinha de presépio enquanto conta a rotina da sua vida banal em salões de beleza e estúdios de tatuagem.
Descrição do narrador do texto acima:
O nome dela é Jéssica. Ela tem 25 anos, cabelos lisos cor de rosa caneta marca texto. Olhos grandes, castanhos amendoados. É do signo de leão. Tem piercing no nariz, na orelha, na boca, na sobrancelha e no umbigo. Já foi gótica e nessa época pintava o cabelo de preto e usava uma maquiagem bem forte. Lápis preto nos olhos, delineador, boca e unhas pintadas de preto. Hoje tem um estilo mais alternativo. Usa meia arrastão, coturno, sandália plataforma ou bota e roupa de brechó.
Seus pais moram em Pirituba. Ela mora sozinha no centro de São Paulo. Na maioria dos dias é bem humorada, menos às segundas.Usa ônibus e trem para ir para o trabalho. É recepcionista de um estúdio de tatuagem nos Jardins. É magra, alta (tem 1,70), fuma um maço de cigarro por dia. Também masca chiclete o dia inteiro ouvindo suas músicas preferidas no seu iPod. Bebe e usa drogas com os amigos. Maconha na maioria das vezes e ecstasy quando vai às raves.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Plágio criativo
Ode (assimétrica) à Palavra
À Palavra, minha algoz e companheira...
dedico tudo
a que os outros dão importância nenhuma...
a saber:
a dor da saudade
a alegria dos sonhos
a aridez das memórias
a dura realidade
(porque há muitas, muitas realidades...)
a primeira decepção que ainda corrói minha’alma
qual lúgubre tarde de inverno
na solitária fria e úmida deste corpo;
E os ratos?
Não estão ouvindo, escondido nas curvas escuras
das artérias e veias desse cárcere, os ratos?
Sim, os ratos, são eles que me fazem companhia
São guardiões e profetas.
Transbordo no grafite as palavras que ouço deles
menos aquilo que me logrou o destino
causa primária de todas as lágrimas
que não mais rolam sobre essa face
mas...
não há mais raiva
nem rancor
nem mágoa
não há mais dentes a ranger
nem mais nada a declarar
Pois bem,
às vezes
de todas as idéias que me transbordam, a Palavra é a única que
parece ainda conseguir revelar aquilo que existe em mim, mas que não sinto mais e que por isso mesmo tem esse gosto morno de luz.