segunda-feira, 11 de agosto de 2008

PAI

Quando ele partiu meu mundo partiu ao meio. Não acreditei na voz que me dava a notícia do outro lado da linha. A voz também não acreditava que estava dando aquela notícia. O telefone caiu das minhas mãos. A dor era tamanha que eu tive que me dobrar ao meio para poder suportá-la. Já há muito tempo havia aprendido a viver com a sua ausência, mas nunca me preparei para o “nunca mais”. A distância física era suportável. A distância da vida era tolerável. A proximidade das semelhanças às vezes era boa, às vezes doía. Mas não como a dor da separação física. Demorou muito para a dor parar de doer daquela maneira. E hoje, às vezes sinto ele bem perto da gente. Noutras vezes ele está bem longe, de cara amarrada, amuado e triste. Sem querer saber de nós...Mas essa sensação não é novidade para mim. Mesmo assim não deixo de amá-lo como sempre o amei, com todos os seus defeitos e virtudes. Um dia a gente vai se reencontrar. Isso é só uma questão de tempo. E a equação tempo X espaço é apenas uma linha tênue de freqüência da vida. Um tilintar de energia cósmica neste vasto universo que reúne ou reparte as partes da gente.

7 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo isso,preciso aprender a conviver com isso também.

Dulce Spinelli disse...

Renata, me emocionei muito ao ler seu post. Perdi meu pai há três anos e ainda não me conformo com a separação... tomara que vc esteja certa, que isso que consideramos ser uma barreira intransponível seja apenas uma muito tênue linha que eu, você e todos os que perderam seres muito amados possamos reencontrá-los do outro lado. Beijos!

Sady Folch disse...

Renata, de fato é um post sensacional e emocionante. Ainda que tenhamos um distanciamento de um pai, quando ele se vai temos a impressão de que faltou maiores aproximações...mas, nem sempre depende de nós mesmos tal experiência.
Retorne às postagens. Beijos
Sady

Eduardo disse...

Nos conforta a consciência de qe lá do outro lado a vida continua e que mais cedo ou mais tarde nos reencontraremos

Olga disse...

Só agora leio esse seu texto e quanta coisa me fez lembrar... Existem ausências que não se disfarçam ou superam, mas que ficam para sempre, doendo carinhosamente dentro da gente. É difícil falar dessas coisas sem soar como novela mexicana, mas você conseguiu com naturalidade e muita sensibilidade. Parabéns!

Olga disse...

Renata,você é minha convidada para partiticar de um "Meme" enviado pela colega Claudia de "Desabafos e Reflexões". Para mais informações, você pode acessar meu blog, o abcdletras.blogspot.com ou ir diretamente no link abaixo: http://abcdletras.blogspot.com/2008/12/meme-dos-8-desejos-e-8-amigos.html

Abraços,
Olga.

Nelson disse...

Sister !!!!!

Convivi muito de perto com pessoas que experimentaram este sentimento.
E sei, quando vejo nos olhos de alguém, o sentimento que você descreveu.
Vi, algumas vezes, este sentimento no seu olhar, nos furtivos momentos em que nos reunimos.
O sentimento está lá, mesmo que a balada seja boa, que a pizza esteja deliciósa e o papo esteja interessante.
Eu, pessoalmente, ainda não bebi deste calice e não posso avaliar se estou preparado, ou não para beber dele........quem pode?
Só sei de uma coisa, é no convivio diário (eletrônico ou fisico)que encontramos argumentos para continuar.
Pois como todos os martires da história, somos martires de nossa própria "estória" (lenda pessoal); precursores de uma nova era, onde, do lado de lá veremos nossos anseios mais humanos realizados.
A diluição da dor da saudade é feita através do esforço de viver, vivamos então o melhor possivel, adoçando o amargo remédio.
Lú & eu mandamos muitos beijos e abraços no seu coração (iguais àqueles de todos os reencotros).
Que a força esteja com você !!!